quinta-feira, 6 de novembro de 2008

OPOSTO E COMPLEMENTAR

O que é belo não é só belo.
O que é bom não é apenas bom.
O belo mistura-se ao que é feio.
A fruta amadurece depois apodrece
doando sementes, reciclando vida.

Som e silêncio se harmonizam,
transformam-se em música.
O antes e o depois se interpõem.
A frente e as costas do homem
complementam-se simetricamente.

O que é belo não é só belo.
O que é bom não é apenas bom.
O todo tem dois tons, dois lados.

Dividir o que é uno é errado.
Exaltar só um lado do todo
um engodo, engano crucial,
que pode esconder do olho o bem,
escolher e relevar a todos o mal.

O sábio não é de forçar a barra,
ele não divide o que é único.
Sabe que no um há sempre dois;
que de dois nascerá o três. E mais:

Não adapta o mundo a si,
tem ciência de que não é seu autor.
Age e nada espera em troca.
Às coisas não se prende ou se enlaça,
por isso seu valor torna-se perene.

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